Ao longo da história da humanidade, a maternidade foi comemorada em diversas ocasiões. Na Grécia Antiga, por exemplo, a chegada da primavera marcava também uma série de homenagens à deusa Reia, considerada a mãe de todos os deuses.

Mas foi graças à insistência de uma filha para atender o desejo de sua mãe que, em 1914, o segundo domingo de maio foi instituído, nos Estados Unidos, como a data oficial de comemoração do Dia das Mães, estendendo-se, posteriormente, a vários outros países, dentre eles o Brasil.

Anna Maria Jarvis (1864-1948) nasceu em Webster, na Virgínia e cresceu vendo sua mãe, Ann Reeves Jarvis, lutando para que uma data em homenagem às mães fosse instituída. Em 1850, Ann fundou clubes de trabalho que funcionavam no que ela chamou de “Dia das mães” e visavam estimular o trabalho de mulheres em ações que promovessem melhores condições sanitárias e diminuíssem a mortalidade infantil. Posteriormente, esses mesmos grupos cuidaram de soldados feridos na Guerra Civil e organizaram piqueniques que buscavam incentivar a participação feminina na política e na promoção da paz.

Ann Jarvis morreu em 1905, o que provocou uma depressão profunda em sua filha Anna. Suas amigas, então, decidiram fazer uma festa em homenagem à sua mãe, como forma de aliviar a tristeza que a consumia.

A partir daí, Anna Jarvis abraçou a luta pela oficialização de uma data em homenagem a todas as mães, tomando como impulso uma prece que sua mãe lhe mostrara anos antes: "Espero e rezo para que alguém, um dia, reconheça um dia em memória das mães, para celebrar o serviço incomparável que prestam à humanidade em todas as áreas da vida".

Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães, até que em 1910 o governador da Virgínia oficializou a comemoração naquele estado e, em 1914, o presidente do Estados Unidos estendeu a data para toda a nação.

No entanto, apesar de ter realizado seu sonho, Anna Jarvis acabou se decepcionando com os rumos comerciais que a comemoração tomou e encampou uma campanha para que a data voltasse a servir ao seu propósito inicial de homenagear as mães através de gestos de carinho e afeto, não de bens materiais.
Durante a primeira missa em homenagem ao Dia das Mães, Anna enviou 500 cravos à igreja pedindo que fossem distribuídos a todos os presentes e que as mães recebessem dois cravos como símbolo de reconhecimento do seu amor. Ao longo dos anos, ela enviou 10 mil cravos; eles, porém, passaram a ser comercializados, o que enfureceu Anna, levando-a a entrar com um processo para cancelar o Dia das Mães, pois ela dizia que não havia criado essa data para ter lucro. Segundo Anna, “o amor de uma mãe é diariamente novo”, portanto, cabe aos filhos agradecê-lo todos os dias.

Para Anna Jarvis, os comerciantes eram “aproveitadores” que tiraram o caráter simbólico da data e passaram a explorá-la visando apenas o lucro. Assim, ela e sua irmã, Elsinore, passaram o resto de suas vidas lutando contra o viés comercial que foi dado ao Dia das Mães.

Anna Jarvis terminou seus dias depressiva e afundada em dívidas, afirmando ter se arrependido muito por ter lutado para a criação de uma data que teve seu propósito desvirtuado em função do valor comercial que recebera.
Apesar da decepção que a tomou, Anna Jarvis deve ser reconhecida como o símbolo de uma filha que foi capaz de demonstrar profundamente o amor que sentia por sua mãe e lutar para a realização de seu sonho, podendo ser tomada como um exemplo a ser lembrada nesse Dia das Mães que, muito mais do que uma data para se dar presentes, deve ser uma data para celebrar o amor por nossas mães e a importância que elas têm em nossas vidas, afinal, como disse Carlos Drummond de Andrade em um de seus belos poemas, “mãe não tem limite,/ é tempo sem hora,/ luz que não apaga”.

(Texto - Adriana de Paula)

O DIA DAS MÃES NO BRASIL

No Brasil, o Dia das Mães foi instituído em 1932 pelo então presidente Getúlio Vargas.

"O segundo domingo de maio é consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano, contribuindo para seu aperfeiçoamento no sentido da bondade e da solidariedade humana."

Assim declara o decreto de número 21.366, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e publicado em 5 de maio de 1932.